domingo, 13 de janeiro de 2008

Morte aceita-me

Morte aceita-me, toca teus lábios nos meus,
Tão frios...
Ajoelha-te perante mim para me receber
Sinto-te a meu lado como que um arrepio gelado, pois a atmosfera está fria, já nem sinto agonia ou desespero.
Sim estás perto, quase me tocas, ajuda-me a passar para o outro lado, para os teus domínios.
Estou sozinho abandonado, a voz não saí, a minha última lágrima cai e deixo-me ir...
O mundo é cinzento, mas agora vejo cores, sinto amor e odores...
O odor da morte não é o que seria de esperar, é como um campo de flores silvestres no rebentar da primavera, espinhosas letais mas cheirosas...
A morte é um anjo frio, distante e misterioso também ele esperançoso, por um dia me vir buscar.
Por agora fico como espectro negro entre dois mundos, o da vida e da morte, mas que sorte sentir o mundo da realidade e fantasia abraçarem-se num eterno beijo que agora eu vejo.
Morte, trás ao mundo dos vivos a fantasia que lhe falta, a calma, a paz que enche o coração mas que não me tira a dor, a solidão.
A vida é cinzenta e egoísta, a morte é calma e negra, a paz que quero encontrar só quando ela me abraçar, beijar...um beijo frio que me suga a alma, um último suspiro (de adeus) um último momento consciente pois sofrer é viver, morrer é diferente.
Sinto frio, é ela a abraçar-me e dizer-me para ir, não posso resistir a esta sua tentação, me entrego com emoção e feliz sinto sua chegada.
Porque temem a morte?
É a vida que nos mata!
A morte recebe-nos do abandono e desamparo, para o descanço final e aqui eu comparo a um anjo que nos recebe, mas ninguém percebe...

1 comentário:

Diana disse...

"A morte recebe-nos do abandono e desamparo, para o descanço final e aqui eu comparo a um anjo que nos recebe, mas ninguém percebe.."

Como eu desejo essa chegada desse anjo.