sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Definho Lentamente

Definho lentamente
Para a minha condenação
Não vejo esperança
Não vejo amor no meu caminho
Tudo se desvanece com o tempo
Tudo se perde depois de adquirido
Como posso continuar
Se sei que depois vai acabar
Pequenos actos que atingem
Parecem insignificantes mas afligem
Aumentando a dor presente
A um nível em que depois já nem se sente
Atordoando o coração dos sentimentos
Restando só as memórias, os momentos...
Porque chorar é tão necessário
Quando no fundo desejo o contrário
Sentindo-me insignificante a um nível constrangedor
Em que já só penso em terminar esta dor
Depois vejo, que não parece marcar
E a ninguém faz importar
Porque no fundo,
Nunca fui demasiado importante para alguém
Sozinho irei continuar 
Deâmbulando, até a morte me libertar.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Ao Som do Vento

Danças à volta da fogueira
Bela e formosa
Nesta noite estrelada
A lua que nos acompanha
Testemunha este sonho na areia
Perto das ondas do mar
Ao som do vento raspando na enseada
Cavando um pouco mais a rocha
Dura, mas ainda assim moldável
Aos caprichos deste lugar 
Impenetrável, tal como o sentimento forte
E verdadeiro que é te amar.

Estranha Realidade

Caio em mim
Nesta estranha realidade
Onde não existe verdadeira felicidade
Deâmbulo mais uma noite
Não tenho como fugir desta maldição
Sou uma sombra perdida
Entre dois mundos surreais
Um dos espectros
Outro dos simples mortais
Mas a minha hora ainda não chegou
Embora deâmbulante
Neste estado agonizante
Rastejo mais uma vez
Sobre este céu de inverno
Sentindo a chuva na minha face
Os cabelos molhados e escorridos
Disfarçam as lágrimas de desilusão
Uma realidade que se abre aos poucos
Destruindo o sonho e a fantasia
Que enfeitavam a minha vida.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Dolorosa Eternidade

Se eu me pudesse desligar
Se tivesse um botão off
E de repente parasse de pensar
Infelizmente não existe
Quer esteja feliz ou triste
Tenho de saber lidar
Com o sentimento que existe
Mesmo que me esteja a magoar
Muito ou pouco não interessa
Desde que abale depressa
Nesta eternidade
Tão dolorosa eternidade
Que é a minha espera pela morte...

Magoa?! Deixa Estar...

Quando um sentimento
Não se sabe explicar
Quando algo nos aperta o coração
E começa a magoar
Sabemos que algo nos atingiu
Algo triste nos feriu
Que posso eu fazer...
Isolar-me para não sofrer?!
Há que saber ultrapassar
Ser firme e aguentar
A vida é cheia de lições
Marcas, perigos e desilusões
Mas é preciso continuar
Ser fiel a mim próprio
E não me deixar abalar...

sábado, 16 de agosto de 2008

Espectativas

Quando espectativas não são superadas
Umas perdidas e outras enganadas
Um vazio nos preenche
Um ódio se enche
Como frustação que consome
A alma perdida
Num espaço condicionado
Pelo tempo que passa
E nos mostra o fracasso
Sentimentos destruidores
Mostram-se pelo olhar
Numa esperança de acreditar
Que não passam de pesadelos
E mais tarde esquecê-los
Mas as marcas cravam-se nas memórias 
Que depois não passam de histórias
Mas as feridas não saram tão facilmente
Entranham-se na mente
Umas temporariamente 
Outras para sempre...

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Minha Própria Maldição

Sento-me no canto mais alto, no canto mais escuro e calmo que puder encontrar.
Para sentir o silêncio da noite, o luar.
Na companhia das estrelas e das memórias que assolam a minha mente.
Um túmulo de emoções que tento esconder.
Outras eliminar com um simples cortar nesta minha incapacidade de chorar.
Porque às vezes me sinto tão fraco e impotente perante as situações que se me passam pela frente?
E que eu sinto falhar, talvez espere demais de mim próprio.
Se calhar ainda não realizei que no fundo sou humano.
No fundo sou uma criatura como tantas outras, frágil, desprotegido e insano...
Se eu posso mudar o meu futuro?
Posso sim, mas isso depende só de mim? Não...
Há outros factores em jogo, outros dados fora do meu alcance.
É por isso que me sinto impotente perante o meu próprio destino que apesar de ser seu criador, poder modelar o mundo que me rodeia e o meu interior, não sou de todo seu dono.
Porque perco mais do que conquisto neste lugar tão estranho...
Tão alheio aos meus anseios e tão imparcial à minha dor...
Porque será que tenho consciência de mim e do meu ser? Quando isso no fundo é o sinónimo de dúvidas, insegurança e sofrer? Porque nasço se depois tenho de morrer? Qual a lição, qual o objectivo de ser um ser pensante quando isso me leva à auto-destruição? Ignorância é felicidade, é estar protegido contra os espinhos do mundo que nos cravam bem fundo.
Porque não termino já com este constragimento neste preciso momento? Porque será que sinto que há algo que me repele a continuar, sentir de novo e olhar à minha volta, procurar o desconhecido e inseguro, fora do que a sociedade nos impõe para o obscuro?
Porque me questiono tanto... Sinal de inteligência? Ou será antes frustação e demência?
Sentir um vazio, uma ausência... Uma necessidade de preenchimento, para terminar este tormento...
E no fundo penso se valerá a pena sentir a proximidade da morte nesta vida que é no fundo a sua essência...
Pois a vida é o risco de ter a morte tão perto, é sentir essa barreira, tão ténue, tão certa e ligeira...

domingo, 3 de agosto de 2008

Pedras Caídas

Sento-me a contemplar
Esta velha casa quase a cair
Tentando recordar
Mas o sentimento parece fugir
Momentos de infância
Gravados nestas pedras caídas
Uma família outrora grande
Agora mais reduzida
O carinho de uma avó
E avô já passados
Por aqueles que já partiram
E sem dúvida amámos
Hoje decidido a enfrentar
O passado e honrar
A vossa existência ao pé de mim
Neste abandono sem fim
Mas a esperança parece enganar
A racionalidade desta vida
Fantasiando a morte
Vê-la como ponto de partida
Para uma outra 
E ilusória existência vivida
Gravada para sempre 
Nesta velha casa caída.

sábado, 2 de agosto de 2008

Luto

Esta é a forma como vês o Mundo..

Esta é como eu a vejo..

Eu tento expressar todos os dias o meu luto pelo mundo, uma introspecção levada ao extremo.
Uma diferença marcada pelo pensamento e expressa no meu exterior, tão deâmbulante, tão pesada e ao mesmo tempo 
fria, mas para quem me conhece sabe, com um interior diferente...

(fotografia da minha autoria e dedicada à minha linda!)

Cova Escura

Meu sangue escorre frio
Perdido como minha sanidade
Sozinho nesta hora arrepiante
A solidão e a dor se esbate
Enfrento este rio de sangue
Onde sombras reflectem
Minhas emoções e angústia
Ouço-te chamar-me
De uma cova escura
Num eco torturante que perdura
Toco-te na tentativa de encontrar
De novo teu calor e olhar
Mas agora és apenas um corpo
Teu sorriso expirou como sopro
Teus olhos 
Abismo sem emoção
Uma dor que me aperta o coração
Uma ausência sentida
Por minha alma perdida
E minha esperança mutilada
Por ter-te perdido assim
Tu, minha querida amada.