terça-feira, 28 de outubro de 2008

Tons Castanho

Vejo o sol querendo esconder-se
Nesta tarde amena de outono
Sinto o inverno perto
Mas os tons castanho e amarelo
Ainda predominam na natureza recolhida.

Shamain

O outono chega com o brotar desta castanha
No cimo desta árvore majestosa
Aves tímidas chilreiam à tardinha
Sobre os campos doirados
Aquecidos pelo sol que agora se esconde sem vontade
E a lua teima em não aparecer para já.

Percursão das Folhas

Pelo caminho da floresta
Contemplo o espírito do fogo incandescente
Como o sol brilhante no céu
A mãe terra que me sopra a face
Sobre estes campos verdejantes
E a água que corre sobre a rocha fria
Sinto o respirar das árvores
E a percursão das folhas que o espírito do ar acaricia
A fogueira mantém a noite iluminada
Como a lua que marca as marés do oceano
Naqueles dias em que me abrigo da chuva
E deixo as nuvens passarem
Num compasso digno de contemplar
Nesta minha tão curta existência.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Escuro

Escuro é o meu caminho
O caminho para o isolamento
Uma necessidade que permanece
Um acto de desespero
Um choro na noite
Apenas eu e os fantasmas da consciência
Uma luta sem fim para os afastar
Sem demora um grito de fora
Um gemido inalcançável
O assombro dos medos mais sombrios
Concentrados num só tormento desolador.

Existência Sem Explicação

Uma existência sem explicação
Um cadáver sem coração
Uma mente perturbada
A criação de uma sociedade egoísta
Imparcial e falsa de espírito
Fria como um manto de inverno
A geada da compaixão
Como se deambulasse eternamente na noite
Perco-me nos pensamentos
Na tentativa inútil de alcançar
As respostas da existência
Um sofrimento de carência
Algo que falta e não se sabe.

Libertação do Vício

Nada é mais perfeito
Que uma ferida aberta
Uma lâmina cintilante
Um sorriso cortante
Uma dor fina e propositada
Um traço de sangue
Uma dor planeada
Uma dor e ao mesmo tempo
Um prazer na pele
Uma libertação peculiar
E sem explicação
Única e prazerosa
É ténue pois
A barreira entre a dor e o prazer
Entre a libertação e o vício
Pois na escravatura do vício
Se encontra a libertação do racional
E no corte a libertação do bem
Pelo êxtase do mal.

Re-encontro Existêncial

O mundo luta contra mim
Destrói-me os sonhos de infância
Destrói a minha única esperança
A razão de viver sem medo
Cada vez mais percebo
As desilusões que me assolam
E os fantasmas que me consolam
Neste espaço vazio de mim
Agora percebo o problema da minha existência
Sou um cadáver deambulante
Uma alma por aqui errante
Que teme o conforto da felicidade
O gozo da dor me acompanha eternamente
Desejo as lágrimas que liberto
Desejo a dor que sinto
Desejo a desgraça do meu nascimento
E a maldição da minha vida
Tenho o obscuro porque desejo
Porque no fundo preciso de sofrer
Preciso de sentir as feridas bem fundo
Que sangram da minha alma
Que sangram do fundo do meu ser
Preciso de sentir o êxtase do sofrimento
Porque só a dor me faz sentir vivo
Só o sangue que escorre me prova
Minha própria existência
Mostra-me que não é um sonho
Sou eu
Sou real
A mágoa e a agonia que me sai do peito
Mostra que não sou ilusório nem perfeito
Apenas eu e mais nada
Tão perene como a geada
Fria e breve da madrugada.

domingo, 19 de outubro de 2008

Partiste Sem Mim

Partiste sem mim
Abandonaste-me neste buraco sem fundo
Desapareceu contigo a luz da minha vida
E a morte se apresenta deleitosa
Porque sem ti a vida parece dolorosa
Porque não valorizo a minha existência
Porque não aguento mais a tua ausência
Deixa-me ir ter contigo
Deixa-me seguir a luz que me iluminou
Como a traça que voa em direcção à janela
Por favor abre-a para mim
Não sei por quanto tempo mais 
Irei aguentar sozinho lá fora.

sábado, 18 de outubro de 2008

A Minha Vida

A minha vida é o céu da noite
A minha vida é a lua que me guia
É o brilhar das estrelas
Pois muitos querem ser o sol da tarde
Mas eu quero ser a lua que ilumina
Apenas os momentos mais escuros da vida
A minha vida é o sonho
É a esperança que luta com a realidade
É uma busca tonta pela felicidade
A minha vida é procurar aquele riff perfeito
É olhar para ti e contemplar o teu jeito
A minha vida és tu
Sou eu e somos nós.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

União Ardente

Sobre a palidez do teu olhar
Perco-me e ponho-me a sonhar
Um beijo, uma carícia
Em movimentos subtis
Uma união ardente
Saboreando o sangue dos lábios
Sacio de mim o instinto animal
Sinto-me selvagem mas imortal
Como se o momento fosse para sempre
Mas o fim se aproxima
Com os olhos vazios de vida
Cai o corpo frio no chão
Uma vida perdida
Para sempre esquecida
E arrancada do coração.

Vivo Sentindo

Eu vivo sentindo
Preciso de me desligar das obrigações
Quero ser eu e impor-me a mim mesmo
Comprometer-me a seguir as emoções
Exprimir os sentimentos
Que me passam nos momentos
Em que o silêncio é meu companheiro
E o vento me acaricia a face ligeiro.

Adeus

O teu cadáver pálido e frio
Jaz sobre esta pedra gelada
Meus olhos turvam
E ainda não consigo acreditar
Estou sozinho e tua alma perdida
Jamais por mim esquecida
Sobre o véu que te cobre a face
Que outrora transpirava de vida
Os olhos agora fechados
Demonstram o silêncio da tua partida
Eu não quero que vás
Mas já foste embora
Ainda aqui estás
Mas tua ausência é permanente agora.

Paro, Penso...

Paro, penso...
Deprimo de mim mesmo
Não era de todo como idealizei
Um sonho, uma esperança
Inocente como uma criança
Renasço na noite
Sobre a luz da lua
Esperando pelo nevoeiro que cobre o céu
Escondido me deito
Reflicto e paro... Penso mais uma vez
Já não me sinto eu
Interiorizando o sonho
Esquecido no abismo da minha mente
Vejo agora a esperança desafiada
Novamente vazio, sinto-me sem nada...

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Assombramento

Sinto o mundo 
Num vazio profundo
As lembranças de um passado
Que me assombram de noite
Em cada gesto
Em cada olhar
Uma brisa que me desperta
De novo para a realidade
Iludindo-me com um toque de fantasia
Lembrando as noites 
Em que me despedia
Afastava-me com saudade
Evitava o toque que ansiava
A respiração que precisava
Em busca pela verdadeira felicidade.