domingo, 30 de novembro de 2008

Tremo

Inspiro cautelosamente o ar gelado
Expiro toxicamente depois de respirado
Tremo as mãos que seguram esta flor congelada
Ainda assim não me cai
Está colada..
Negra da triste falta de calor
Dos raios da estrela que dita os dias
Enfeitiçada agora pela luz da lua
Que dita as noites
Numa beleza perene como as pétalas
Que se queimam com o frio desta noite
O cuidado é pouco
O frio é muito
Tremo ainda e os espinhos espeto
O sangue seca sem cair
Morto como um cadáver insisto
Preso a este corpo
Sem esperança desisto.

Valerá a Pena?!...

Num mundo repleto de dor
Onde todos lutamos por sobreviver
Conquistar mais uns segundos de existência
Que no fundo não valem a pena
Percepcionamos o que nos rodeia pelos sentidos
Iludidos com a compreensão da vida
Num turbilhão repleto de incertezas
Definhamos para um descanso maior
Uma quietude sem fim,
Sem importância...

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Não Percebo

Quando é a magia que dá vida à minha existência
E ela um dia simplesmente desaparece
Faz-me sentir um vazio
Uma incerteza e frustação
Que aconteceu entretanto?
Pergunto eu...
Já não sei viver sem essa ilusão
O conforto que tinha desapareceu
Uma parte de mim morreu
A melhor que possuía
Num instante se desvaneceu
Gostava tanto de compreender
Perceber a razão de tal mudança
Que faço agora da minha vida
Como devolver o encanto inicial
Que já era para mim essêncial
Talvez deva fechar os olhos
E acreditar novamente
Desligar de mim e do que me envolve
E renascer de novo com o encanto
Ou perceber que tal magia
No fundo nunca existiu
Que só me resta afogar nos vícios
Sofrer nas dúvidas e angústias
O que vivi e não voltarei a sentir
Agora com uma nova visão do mundo.

Propósitos

São dias
São noites
Instantes passados
Só a brisa fria,
Arrepiante...
Faz sentir que existo
Só os sentidos me denunciam
Neste meu casulo existêncial
Não existe propósito algum
Só esta rudimentar vivência
Uma esperança,
Que permanece em latência...

sábado, 22 de novembro de 2008

Visão Terrível

Porquê esta visão terrível do mundo
Das pessoas e do futuro imundo
Condenado com a tristeza de ver
Abençoado com o conforto de chorar
As lágrimas que embaçam a triste aparência
Dão no fim um novo entendimento
À ilusão criada pelos sentidos
Amaldiçoado neste mundo cheio de feridos
Perco-me sem perceber a real origem
Deste abismo que me provoca tal vertigem.

Versos Sem Nexo

Vagueio no silêncio da noite
Tranquilo por fora
Receoso por dentro
Fixo o olhar no vazio
Sinto o pensamento
Centrado no desafio
Quase sem forças
Novamente tento
Sonho...
Caio nos mistérios da vida
O fascínio da existência
A procura de um sentido
Extasiado pelas descobertas
O mundo que tento explorar
Com uns novos olhos
Uma nova forma de sentir
Tento procurar e descobrir
Enquanto o tempo passa por mim
Algo me impele a seguir
Ainda assim, sem saber porquê...

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Despair

I just see death around me
Sickness and sorrow
All above me
And I suffer every nights
Thinking why
Until I'm gone...

Morte e Vida

Será que gosto do sofrimento?
Uma vez que espero a morte,
Em vez de a convidar a levar-me hoje?
Talvez ame tanto a morte como a vida...

Purpose?

Nothing have purpose
Love is empty
I don't smile anymore
My light is forever gone
With you...

sábado, 8 de novembro de 2008

Gota de Sangue

Deixo uma gota de sangue em cada poema
Um batimento de coração em cada palavra
Do interior mais profundo do meu ser
Para a tua alma...
Um mundo sem ilusão
Tento eu transmitir
Para os que sabem apreciar a escuridão
E ainda assim com a morte à espreita,
Sorrir...

Chove-me na Cara

Chove-me na cara
Chove-me no corpo
E a chuva desliza-me pelo rosto
Frio e gelado
Frio pelo tempo passado
O sino da Igreja toca imemoriável
As nuvens se fecham e o sol é esquecido
Caindo lágrimas pelo que foi sofrido
O escuro e gelado de trevas
Enaltecem-me o lado da escuridão
O ódio que sei ter de ante-mão
Que exprimo em cada olhar
Noutro ser com que me cruzar
Vocalizações de dor e frustação
Escapam-se de mim ruidosamente
Um apelo aos vultos que me rodeiam
E sugam a minha esperança
Que tento semear todos os dias
Mas que definha quando nasce a noite
E morre o dia...

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Palavra de Adonay

O livro de mentiras e atrocidades
Criado por loucos controladores
Ainda infectam majestosamente a mente
Dos ignorantes da verdade
Pensando serem detentores da salvação
Definham em histórias e crenças inúteis
Acreditando numa existência impossível
Amaldiçoados pelo controlo de massas
Seguem como rebanho para o matadouro
Que o conhecimento seja revelado
Finalmente para o mundo
Como é possível ainda permanecer
Na nossa nova civilização
Um conceito tão absurdo
Matem de vez este deus
Que na verdade nunca existiu.

Sopro de Vida

O vento sopra como uma flauta
Sobre estes ramos enegrecidos
Despidos de vida
Componho melodias
Crivando cordas vibrantes
Seguindo o ritmo da floresta
Meu lar de refúgio e contemplação
Reparo atentamente
Nos ecos silenciosos
Na respiração das folhas
E na transparência do riacho
Que corre ligeiro pela montanha
E acalma por fim
No leito do mar.

Choro da Terra

A terra chora
Em dor e agonia
Nós próprios criamos
Os seus soluços
As suas lágrimas
Temos de também criar
Nos tempos que correm
Uma urgente saída
Para o desespero da terra
Que se abram as nuvens
As poeiras e os gases venenosos
Para que o sol brilhe de novo
E seja possível uma nova esperança.

Mistério Assombrado

O estado de perfeição da consciência
É perceber o início e realizar o fim da existência
É ser capaz de antever
Percepcionar o tempo que resta
Curto e limitado
Que ainda assim permanece para muitos
Um mistério assombrado
Difícil de explicar
Temo que seja o fim
Não existam flores nem aromas primaveris
Depois do fechar de olhos completo
Que a morte seja apenas o definhar de um dejecto
Que depois da cruz carregada ao longo da vida
Não haja nova esperança, carinho e afecto
Que me torne apenas uma campa esquecida.

Flagelado

Enterrado vivo todos os dias
Numa nova celebração
Num novo funeral
Queimem incensos
Deixem flores coloridas
Que murcham com o tempo
Que secam com a minha dor
Não se despeçam de mim
Também serão flagelados
Ao som das trompetas
Se abrem as portas do céu
Mas eu permaneço aqui
Preso a este cadáver esticado.