segunda-feira, 14 de julho de 2008

Sombras Que Consomem

Sofro por desilusão
Sentimentos de desgosto
Nojo e frustração
Sinto que o céu negro como a noite
Está hoje mais obscurecido
E as nuvens insistentes
O cheiro a terra molhada
E o ar doce das flores embebidas
Tornam este momento choroso
Mais marcante, desconcertante, doloroso
Deitado no chão frio
No meio deste vazio
Enquanto as horas passam silenciosas
Esquecendo tudo e o mundo
As memórias passando ao lado
Como que um arrepio gelado
Preso no passado
Esquecido no presente
E invisível no futuro
Depois de uma passagem incontrolável
Tudo por mim responsável
Porque as pessoas têm de desaparecer
Magoar e sofrer?
Porque somos tão desprezíveis
Traindo os nossos sentimentos
E as emoções mais puras
Tornando-as das mais belas para as mais duras?
Porque se resolve abandonar a felicidade
Por um buraco sem esperança e solidão
Refugiando-nos no abrigo da introspecção?
Que nos consome a cada momento que passa e despassa
Obrigando-me a libertar as lágrimas
Que se consomem nestas sombras
Na tentativa de te encontrar
Um abraço, um olhar
A saudade desperta
Por uma memória re-descoberta
Para sempre calada
No frio da noite
Um paraíso caído
Intoxicado pela realidade
Por pesadelos sem piedade
Destes espectros que me assombram e consomem
Nas horas sozinhas de mim e dos outros
Numa inocência perdida para sempre
Na tentativa de parecer distante das emoções
Só vejo a saída
De deixar este mundo para trás
Em busca de uma outra e nova identidade
Desprendida da realidade.

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