quinta-feira, 21 de maio de 2009

Cadáver Entumescido

Não digam nada no meu funeral pois quero ser eu a ter a última palavra a dizer.
Enchuto os vermes e os roedores.
Doente com este meu corpo apodrecido.

Corpo sem esperança
Cadáver entumescido
Vampirizo a vontade de viver dos outros
Sugador de almas
Destruidor de sonhos
Frio corto o calor dos vivos
Para prolongar só mais um pouco a minha condenação.

Sou um barco condenado à deriva. Sem rumo.
Sem leme. Levado pela corrente até à cascata do fim da minha jornada
A caminho do abismo sem fundo.

Compreendo perfeitamente o caminho.
Curiosamente desejo o desconhecido e a minha condenação.
Tenho conhecimento do meu afundar neste abismo.
Ainda assim não luto para o impedir.
Deixo-me apenas afundar lentamente.
Neste mar negro que nunca viu o Sol nascer.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Vampirizado

Tenho o coração vazio
Vampirizado até à última gota de sangue
Sugado até ao último vestígio de amor
Sou um morto-vivo esperando o descanso eterno
O doce soar da inexistência
Arrancaste-me a razão com as tuas garras de sedução e mistério
Promessas de amor eterno...
Só mentiras vomitadas!
Jurar eternamente
É mentir a nós próprios
Sobre o conhecimento que tão voláteis sentimentos
Se desvanecem como as folhas de outono
Caindo ao sabor do vento vítimas do destino
O amor não é eterno
Nasce e morre connosco
É enterrado com pedaços de carne em decomposição e escondido sobre a terra
As gravuras permanecem na sepultura perpetuando
Um sentimento que já não faz sentido...
Apenas um significado.

sábado, 9 de maio de 2009

The Procession

I give you my heart
I give you my soul
The procession of death
Lost in the dark grave of sea
Taken by waves of sadness
I close myself inside this tomb
To be left behind
Lost forever.

Unhas De Mentira

Esta vida não me pertence
A morte me espera
Eu chorei a deus
E chorei a ti
Rezei sobre campas desconhecidas
De nenhuma obtive respostas
Procurei-te sozinha na escuridão
Preso nesta minha solidão
Condenado a permanecer encurralado neste mundo
Olhei para a lua
Vi-te sobre prata, nua...
A tua mão na minha
Sem perdão
Sem esquecimento
Me cravaste em traição,
Unhas de mentira.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Arrasto-me Sem Rumo

Hipnotisado pelos encantos do desconhecido
Pela eternidade do vazio
Desespero o beijo da morte
A escuridão cega de vingança
Desejo perder-me na penumbra
Sair desta tumba
Partir sem dizer adeus
A vida não parece ter qualquer fascínio
Como um cadáver enfeitiçado
Arrasto-me sem rumo...

terça-feira, 5 de maio de 2009

Deusa da Noite

Deusa da noite
Sangras pétalas de rosa
Choras pedras de cristal
És pálida como a lua
Fria como a morte
Nesse teu olhar prateado
De movimentos calculados
Seduzes com encanto
Seduzes com mistério
Predadora da noite
Indiferente, triste...
Carregas o sofrimento de Eras
Desde os tempos mais idos
Desde os horrores mais sofridos.

Estranho Sentir

Onde estou?
Onde paro...
O ar está húmido
O tempo quente e escuro
As nuvens agregam-se tenebrosamente
Rugindo e luzindo poderosamente
As árvores balançam agitadas
Cauteloso analiso atento cada promenor
Onde estarei eu? Pergunto-me novamente
Não percebo este acontecer inexplicado
O vento ameno desperta-me os sentidos
Parece um sonho acordado
Um estranho viver e sentir
Uma nova realidade
Um novo jeito de ouvir
Estou estranho, tudo isto é surreal
Tudo isto se encaixa num sentir delirante
Uma fantasia deâmbulante
Curioso com os corvos que esvoaçam
Os sinos ao longe cantam sincronizados
Ou a visão destes corpos espalhados
Estas folhas, secas...
Estas sombras, agitadas...
Que se lançam sobre esta clareira esquecida.