terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Carpe Noctum

Vagueio as noites em busca de algo, do desconhecido, da solidão, do conforto da escuridão.
Procuro a companhia dos mortos, o frio dos cemitérios.
Caminho sem rumo, caminho para me refugiar da luz que me ofusca.
Deito-me sobre o chão alcançando o horizonte e as estrelas da noite, seguindo o voo das aves nocturnas, retribuindo os uivos das criaturas da noite.
Viajo pela imaginação obscura da minha própria mente, do meu sofrimento eterno,
da minha paixão pela morte e também pela vida.
Contemplo o passear do tempo, o brilhar da lua, o esvair das nuvens sobre a terra...
Sinto os fantasmas da minha existência, o atordoar da chuva que brota do céu.
E no entanto sonhos são sonhos, são flores que caiem secas, são lágrimas perdidas.
Esta é a fúria que infecta o meu coração.
Perco-me na noite, e triste deslizo sobre as campas caladas e sobre o meu destino escondido no presente, ainda por vir.
A morte, essa é certa e acompanha todo o meu ser, todos os meus sentidos, nesta minha presença despercebida, pelos encantos da noite.

1 comentário:

Nicky Morays disse...

Mais uma vez adorei, não só descreves o que sentes mas o que eu sinto também...

Escreves bem!