Procuro tecer uma nova linha temporal
Para os que vivem no mundo plastificado
Onde o tempo é gravado em papel quadriculado
Cada passo medido, cada olhar controlado
Pretendo subir distorcido
Por um veio que ainda não foi encontrado
O preço é a loucura
Perder-me para outro lado
Que interesse tem
Que sabor se coze
Quando o temporizador dita
Quando já se sabe toda a ementa
Quando a criatividade morre
Quando a certeza tiraniza o real
Quando o real se transforma no prescrito
Quando o que tem de ser
Se afirma sem dúvidas perante o caldo da imaginação
Corte aqui
Corte ali
Corte que modela
Corte que limita
Corte que seleciona automaticamente
Mecanizado corte que recolhe
Recolhido com o cortar
As engrenagens forçam
O forçar produz
O produzido conduz
O conduzir na produção das engrenagens que forçam
Forçado pela condução produzida pelas engrenagens
Engrenado na condução da produção da força
Conduzido e forçado na engrenagem produtiva
Que produzir é forçar o espaço que permanecia intocado
Intocado na superfície mecanizada que ferra a engrenagem
Um átomo, dois átomos, biliões de átomos, átomos infinitos
Não sei, não consigo contar mais
Não consigo terminar a divisão
Divindindo o átomo infinitamente
Procurando a unidade na divisão
Quando ela só se encontra na união
Unido aqui
Unido ali
Unido de todos os lados sem diferença objectiva
Uma diferença que não pode ser entendida
O balanço entre o conhecimento e a ignorância
O peso medido entre os dois mundos
O da razão, o da expressão
Os sessenta minutos, o vento
As três horas e quatro minutos e cinco segundos e seis milésimos, o vento
O dia sete do oito de nove mil e quatrocentos e três, a neblina
Coisa
Feita
Dito
Assim
Sério
Saiu
Ficou
Aqui
É assim
Sem mais
É assim
Sem menos
É assim
Sem meios
É assim sem inícios
É assim sem finais
É assim num todo
É assim num ser
É assim num estar
É assim num sentir
É assim num perceber
É assim num imaginar
É assim numa prisão sintática
É assim porque as palavras aprisionam os significados
É assim porque o limite está estabelecido
É assim porque eu queria rasgar as letras
É assim porque queria ir mais além daquilo que pode ser
É assim porque o que podia ser não pode ser mais comunicado
É assim porque o verdadeiro, não pode permanecer
É assim porque comunicar além do pré-estabelecido não é possível
É uma prisão
É uma pena
É uma tristeza
É um desperdício
É estar limitado a observar o horizonte de longe
Sem nunca atravessar o outro lado
Quero expandir
Mas já está delimitado
Delimitado por quem?
Onde?
Aqui surge a armadilha
Aqui permanece o mistério
Aqui é o ponto de partida
Aqui é a crise do problema
Aqui se esconde a solução
Aqui irás morrer sem luz nos olhos
Aqui não enxergarás aquilo que procuras
Porque procuras aleatoriamente
Procuras sem saber
Procuras sem olhar
Procuras convencido de que é
E o que é
É um punhado de nada.
Um punhado de nada
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