Perante esta imensidão temporal, esta escuridão daquilo que o universo foi e daquilo que será.
O meu momento de existência, a minha primeira e última oportunidade, uma fracção de tempo existencial, para sentir a beleza e ao mesmo tempo a frieza e imparcialidade do mundo que me rodeia, do universo que suportou a minha existência e que demonstra ao mesmo tempo a insignificância do meu ser e do tempo que me resta, deambulando sobre este horizonte gelado, ainda assim presente num lugar privilegiado, pura sorte, puro acaso, uma simples questão de probabilidades, esta é a razão da minha existência.
Este é o segredo para a concepção do mundo, é o significado do valor da vida, da sua efemeridade, da sua eterna beleza.
A beleza da existência está em ter consciência da inexistência de um deus, da inexistência de seres sobrenaturais, de realizar que o universo e a vida como a conhecemos é única e efémera.
Um acaso na imensidão do universo, um ponto de luz na escuridão do vácuo.
Ainda mais peculiar é a minha existência como indivíduo que sou, improvável não é a inexistência absurda de um deus criador, mas sim da minha presença no universo, um ser que lutou contra todas as probabilidades, contra todas as razões.
E, por mais irónico que pareça, após todas estas provações, todas estas vitórias, apenas ser premiado com uma consciência de sentir, com uma capacidade de chorar sobre este céu obscurecido, tudo será esquecido após o meu momento limitado de existência, um novo vazio que me espera após a morte. Um esquecimento eterno, uma inexistência tão indiferente e imparcial como a que antecedeu o meu primeiro existir.
Esta é a beleza da vida, esta é a filosofia da existência do ser pensante, que só sofre com a descoberta da verdade, e só realiza o sofrimento atrás da sua consciência, este é o prémio da evolução na terra, este é o produto peculiar e inconsciente do universo.
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